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02/09/2009

A história de Tin-Hinnan (Rainha Touarègue)

L’histoire de Tin-Hinan en portugais (Reine Touarègue)
por / par
Rita Damazio a.k.a Rita Ouallet Ayor (tradução)




"Segundo uma história de tradição oral, Tin-Hinnan foi a primeira líder a unir os touaregues de todo o mundo e a estabelecer um reino nas montanhas do Hoggar.

Acerca deste famoso antepassado do povo touaregue, a história conta que chegou acompanhada da sua criada Takamat, vindas de Tafilalet, na Cordilheira do Atlas, hoje em dia uma área pertencente a Marrocos, nos séculos IV e V e que viajaram até às Montanhas do Hoggar, na Argélia.

Aí se tornou e governou como primeira Tamenokalt (Rainha). Heroína do povo touaregue, é em homenagem à sua determinação e coragem por ter unido o seu povo que a sociedade touaregue é uma sociedade matriarcal."

Citando uma historiadora que escreveu "A mulher touarègue é a mulher mais bem tratada de toda a Africa", eu acrescentaria até que na sua tradição original, o povo touarègue é um dos povos que melhor trata as suas mulheres a uma escala mundial. Afinal temos de ter em conta que esta igualdade de direitos tem milhares de anos na sua tradição!

Tirando alguns fenómenos externos à cultura touarègue, entre os quais, a problemática questão a que os estudiosos se referem como "assimilação" que tem que ver com a crescente prática de hábitos e costumes exteriores às suas tradições de origem, continua, no entanto, a existir um respeito invejável e inegável à mulher touaregue por parte do seu povo. Esses comportamentos não-touaregues e cada vez mais comuns são muitas das vezes de influência islâmica, e quer por convivência ou por vontade de se integrarem nas comunidades não-touaregues, são por força das circunstâncias, levados a adoptá-los.

A questão da assimilação é uma problemática muito discutida a qual não me atrevo a aprofundar muito mais. Exige um maior estudo do assunto e, sobretudo e fundamentalmente, há que recolher todas as faces desta questão. Assimilação, perda de identidade versus integração...Cabe-me neste que será um longo percurso, continuar a recolher as várias versões desde os historiadores, aos linguístas às comunidades touaregues contemporâneas. Somente aí poderei formar a minha humilde opinião de curiosa sobre o assunto...

Mas voltando à esplendorosa e corajosa Rainha... "A história de Tin-Hannan é contada por tradição oral e é-nos descrita como “uma mulher irresistivelmente bela, alta, de uma tez perfeita e clara, de olhos imensos e ardentes, de nariz fino, o conjunto dos atributos evocando, ao mesmo tempo, beleza e autoridade”.

O seu nome significa em tamashek (idioma dos touaregues) “a que se desloca”, “a que vem de longe”. A sua história é tão famosa que ainda hoje os touaregues a chamam de “Mãe de todos nós”.

Um artigo descreve-a como sendo descendente da tribu dos berbères judeus do Sul. Em 1918, Pierre Benoit, no seu romance “L´Atlantide”, conta-nos a história de Antinéa. Trata-se da história de Tin-Hannan em que o nome foi modificado.

Em 1925, em Abalessa, no Hoggar, arqueólogos descobrem o túmulo de uma mulher. Descobrem um esqueleto bem conservado, moedas com gravuras do Imperador romano Constantino, bijuteria em ouro e prata. O túmulo data do século IV e é atribuído a Tin-Hannan e é hoje um local de atracção turística. O corpo está conservado no museu do Bardo em Argel. A origem judaica da rainha permaneceu secreta, tal como a de Kahina, outra rainha Judia de Aurés (actual Argélia)."

Agradecimentos a Fernando Paulino e Tuareg Hassani que me mostraram os artigos.
Thanks to Fernando Paulino and Tuareg Hassani who discovered for me these articles.






Rita Damásio nasceu em Sainte-Adresse, Seine-Maritime, França. Na década de 90 vem para Portugal, frequentando actualmente a Licenciatura em Estudos Africanos na Faculdade de Letras de Lisboa. Em 2008 passou a integrar o grupo Madredeus e a Banda Cósmica. Amante da cultura tuaregue, assina Rita Ouallet Ayor (Rita filha da Lua).

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